
A insuficiência venosa tem vários estágios e a classificação de varizes vai funcionar para indicar o melhor tratamento de acordo com a gravidade do caso.
Veja nesse post do que se trata essa classificação CEAP Varizes e as formas de tratar cada uma delas.
Como entender a classificação de varizes?
Um sistema venoso saudável se manifesta quando o sangue consegue retornar das pernas em direção ao coração. Quando as válvulas das veias dos membros inferiores estão saudáveis, será a contração da musculatura que fará o sangue ser empurrado para cima.
Quando esse retorno fica prejudicado por mau funcionamento dessas válvulas, um conjunto de manifestações clínicas vai se apresentar causado por anormalidade do sistema venoso periférico. É o que se conhece como insuficiência venosa.
Esse problema atinge mais frequentemente as mulheres, por diversas causas, inclusive as hereditárias e hormonais; e pessoas idosas por flacidez dos vasos.
Porém, alguns fatores de risco também podem levar à insuficiência venosa nos mais jovens como obesidade, gravidez, passar longos períodos na mesma posição, sedentarismo, etc.
Para indicar o estágio da insuficiência venosa, há uma classificação de varizes, que os médicos utilizam para optar pela melhor abordagem de tratamento.
A classificação de CEAP Varizes, proposta e idealizada em um fórum americano de doenças venosas, tem a ver com a gravidade da insuficiência venosa. As letras da sigla significam: C (sinais clínicos), E (causa – etiologia), A (anatomia) e P (fisiopatologia). Essas classificações também têm a ver com os tipos de varizes.
Quando os médicos apontam a CEAP de C1 a C6 estão abordando a classificação clínica.

Conheça a classificação de varizes de membros inferiores:
C1 traz incômodo estético
Na classificação de varizes 1 estão os vasinhos, também conhecidos como telangiectasias e as veias reticulares (microvarizes).
Os vasinhos têm diâmetro de até 1mm, lineares ou sinuosos, podem ser pequenos riscos ou até mesmo ter um formato de aranhas ou ramificações, que se apresentam com uma coloração avermelhada ou azulada e surgem na camada mais superficial da pele.
Os vasinhos podem apresentar uma sintomatologia mais localizada como queimação, formigamento ou dor.
Enquanto as veias reticulares são vasos dilatados, tortuosos e que se situam abaixo da pele. Têm dimensões entre 1mm e 4 mm, com uma calibre intermediário entre os vasinhos e as varizes.
As microvarizes já terão sintomas mais intensos como dor, peso e cansaço nas pernas.
Essas veias são classificadas mais como um incômodo estético e, portanto, os tratamentos são mais direcionados à estética, como a escleroterapia com glicose, escleroterapia com espuma ou laser transdérmico.
C2 traz problemas funcionais e estéticos
Essas veias varicosas de médio e grande calibre, são superficiais e anormais, dilatadas, tortuosas e alongadas, com diâmetros a partir de 4 mm, de coloração azulada, que podem estar no subcutâneo ou camadas mais profundas.
Essas características provocam uma alteração funcional da circulação venosa do organismo, com represamento de sangue na região afetada.
Neste estágio, a insuficiência pode ou não ter comprometido as veias safenas.
Costumam provocar queimação ou ardências, dores, sensação de peso ou cansaço nas pernas; cãibras; coceira em torno das veias e inchaço nas pernas, em especial ao redor dos tornozelos.
Quando têm essa classificação, o médico pode indicar uma remoção de varizes com microcirurgia, com incisões escalonadas, ou tratamentos como a escleroterapia com espuma.
C3: inchaços são a característica deste estágio
Nesta classificação, as varizes poderão ter grandes dimensões antes de apresentar maiores complicações, mas já há uma constatação de edemas (inchaços). Em estágios mais leves, os edemas podem estar limitados aos pés e tornozelos, já na fase moderada atinge até abaixo dos joelhos, mas em estágios mais avançados são sentidos na perna inteira até acima dos joelhos.
Neste estágio, a cirurgia de varizes pode ser um pouco mais extensa, voltada para a solução das questões funcionais.
C4: pele pode apresentar manchas e coceiras
Muitas vezes, quando não tratado até a classificação C3, além dos desconfortos das varizes internas e externas já anteriormente citados, ocorre um agravamento da condição dos tecidos e a pele pode ficar muito seca, com manchas marrons (dermatite ocre) e surgir coceiras, provocadas por eczemas, que também leva à perda de pelos.
No estágio C4 também podem se manifestar pequenas manchas brancas na pele, conhecida como atrofia branca, além de fibrose do tecido subcutâneo, que resulta em endurecimento da região afetada (lipodermatoesclerose)
Esse é um estágio anterior à úlcera varicosa e o paciente já pode ter a insuficiência venosa há anos, sem o tratamento adequado. Nesta fase, mesmo quando tratada, a hiperpigmentação da pele tende a não desaparecer.
Por isso, o tratamento até essa fase é primordial para evitar o surgimento das complicações que poderão ser graves.
C5: nesta fase, há uma úlcera cicatrizada
Normalmente, a pessoa que está na classificação de varizes C4 e não faz tratamento, pula para a classificação C6, que é quando surge a úlcera varicosa. Na classificação C5 estão as pessoas que têm úlceras varicosas já cicatrizadas.
Então, o procedimento do médico vascular é realizar a prevenção da abertura de uma nova úlcera.
C6 é preciso tratar a ferida aberta
Esse é o estágio mais grave, onde nota-se a presença de uma úlcera varicosa aberta. Essa ferida pode persistir por muitos anos e assumir grandes dimensões se não tratada adequadamente. A úlcera varicosa, em geral, surge na parte interna do tornozelo, e vem associada a outros sinais de avançados de insuficiência venosa como dermatite ocre, lipodermatoesclerose e atrofia branca.
Outras complicações sérias e possíveis dessa fase são as tromboflebites, as infecções, tromboses venosas profundas entre outras. O tratamento inicial pode envolver o uso de antibióticos, analgésicos potentes, desbridamentos cirúrgicos ou uso de enfaixamentos. A escleroterapia com espuma costuma ser uma boa opção de tratamento, caso haja indicação.

Diagnóstico
Para realizar o diagnóstico da classificação de varizes, o médico vascular vai buscar os sintomas da insuficiência venosa crônica com exame clínico, que consiste na exposição de membros inferiores, porém, poderá também estender essa observação ao abdômen e região íntima, onde também podem se manifestar as veias varicosas.
O médico vai conferir a presença de varizes visíveis, inchaços, hiperpigmentação da pele, eczemas, atrofia branca e úlceras cicatrizadas ou abertas.
No caso de inchaços, o médico poderá fazer a palpação da área, além de palpar também a tensão venosa, para acompanhar o trajeto para descartar ou constatar a presença de flebites, que são inflamações das veias.
Para entender qual é o comprometimento da função venosa do paciente, o médico também poderá pedir um exame como o eco-Doppler venoso.
Depois de definir a classificação de varizes, o médico vai prescrever o melhor tratamento.
A doença venosa é progressiva, portanto, é importante não permitir que a classificação de varizes atinja graus acima de 3, que podem provocar diversas complicações muito sérias.
Quanto antes o paciente buscar ajuda, mais rapidamente perceberá uma melhoria de sua qualidade de vida.
