Para os vasinhos nas pernas, o tratamento é indispensável porque, embora não tenha os sintomas mais intensos de varizes já formadas, também refletem problemas no sistema venoso.
Em geral, o percentual de pessoas que têm varizes e vasinhos nas pernas é altíssimo, chega a atingir 37,5% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular. Porém, se o filtro for apenas para a população feminina, esse percentual sobe para 45%.
Qual o melhor tratamento para vasinhos nas pernas?
Antes de responder a essa pergunta, vamos entender melhor o que são os vasinhos ou telangiectasias, que é o nome técnico desse problema venoso.
Os vasinhos são estruturas venosas dilatadas e finas de até 1mm de diâmetro, ramificadas e que costumam ter uma coloração azulada ou avermelhada. São o resultado de um regime de hipertensão venosa na região, causada por refluxo venoso proveniente de uma vênula ou veia varicosa.
Esses vasinhos que ficam mais à superfície da pele podem antecipar o surgimento de varizes ou aparecer ao mesmo tempo que elas. Causam formigamento, sensação de cansaço, queimação e dores.
O melhor tratamento para vasinhos nas pernas será aquele que atende os desejos dos pacientes e suas condições clínicas, associado a um planejamento adequado do caso. Para isso, o cirurgião vascular irá realizar uma história clínica e exame físico detalhados, valendo-se de instrumentos auxiliares como o fleboscópio e aparelho de realidade aumentada para fazer um mapeamento das veias doentes e vasinhos.
O eco-doppler venoso de membros inferiores também se faz necessário para investigar a circulação venosa profunda, veias safenas e perfurantes.
É de fundamental importância salientar que os vasinhos, em geral, são somente uma parte do problema, pois na maioria dos casos, estão associados às microvarizes e varizes. Portanto, o tratamento dos vasinhos passa, necessariamente, por uma avaliação e tratamento de microvarizes ou varizes associadas.
Em geral, as escleroterapias são as formas de tratamento indicadas para quem sofre com o problema de vasinhos.
Para os vasinhos nas pernas, o tratamento pode ser escleroterapia química, com glicose hipertônica ou espuma, ou laser transdérmico. Todos são métodos minimamente invasivos e realizados em consultório, sendo muitas vezes necessário a associação dessas várias técnicas para atingir o resultado esperado.
O pós-tratamento não exige repousos, mas é preciso observar alguns cuidados para que o paciente consiga o resultado desejado.
Vamos conhecer um pouco mais sobre cada procedimento:
Escleroterapia líquida
A escleroterapia líquida está entre os procedimentos mais realizados pelos médicos vasculares para o tratamento de vasinhos nos membros inferiores.
Esse procedimento consiste na aplicação de uma substância que vai promover a oclusão dos vasinhos através de uma inflamação, que se inicia logo após a injeção e leva algumas semanas para atingir seu efeito completo. Nestes casos, podem ser usadas glicose hipertônica, polidocanol (em sua forma líquida), etanolamina, entre outros.
Vasinhos nas pernas: tratamento com laser
O tratamento a laser para vasinhos nas pernas também é conhecido por laser transdérmico. Atua nas microvarizes, que são veias nutridoras, responsáveis por alimentar os vasinhos e também nos próprios vasinhos.
Com a eliminação das veias nutridoras, é possível obter resultados muito mais duradouros.
Ao contrário da escleroterapia com espuma ou química, que é contraindicada em algumas condições dos pacientes, o tratamento para vasinhos nas pernas a laser não costuma ter ressalvas.
Além disso, pode ser uma solução para pessoas que não gostam de tratamentos que envolvam agulhas ou mesmo para aqueles que têm alergias a substâncias químicas.
O tratamento com o laser transdérmico é realizado a partir de uma fonte de luz, que vai gerar um aumento térmico dentro dos vasos. Esse feito vai provocar o fechamento dos vasinhos.
Para realizar o tratamento, o médico vascular vai utilizar mecanismos de resfriamento da pele, para proteção da pele e provocar uma sensação anestésica na região, proporcionando mais conforto ao paciente durante o tratamento.
As sessões podem variar entre 30 minutos e 90 minutos. Neste procedimento, também são necessárias algumas sessões.
Deve-se manter os cuidados típicos pós-tratamentos das escleroterapias, evitando exposição direta da região tratada ao sol, aplicação de hidratantes, cremes para eventuais hematomas e cremes de corticoides na área tratada. Não há necessidade de repouso após as sessões.
Tratamento de vasinhos com espuma (escleroterapia com espuma)
O tratamento de vasinhos nas pernas conhecido como escleroterapia com espuma, secagem de vasinhos ou aplicação de varizes com espuma, como é popularmente chamado, consiste na aplicação de uma substância esclerosante nos vasos doentes, o polidocanol.
Quando misturado a um gás (gás carbônico ou ar ambiente), o polidocanol adquire um aspecto de espuma que será injetada nas veias.
Essa consistência da substância é muito eficaz porque permite um maior contato da medicação com a parede interna do vaso.
O médico vascular produz a espuma no momento que vai realizar a aplicação, então, é realizada a punção do vasinho e a substância é injetada.
A espuma vai gerar uma contração da veia (vasoespasmo), que resulta em um processo inflamatório que vai provocar o fechamento do vasinho doente, que some do local onde estava visível.
O tratamento de varizes com espuma será realizado em sessões e o médico vai definir os retornos regulares do paciente, de acordo com a quantidade de vasinhos nas pernas que deverão ser tratados. Porém, a resposta do paciente ao tratamento também vai definir o número de sessões necessárias.
Em geral, a escleroterapia com espuma, no contexto de tratamento dos vasinhos, é reservada para casos mais resistentes, que não responderam inicialmente à escleroterapia líquida ou laser transdérmico. Na maioria dos casos, a escleroterapia com espuma é feita nas microvarizes (veias nutridoras), varizes e veias safenas.
Vale lembrar que os pacientes poderão sentir um desconforto após alguns dias da sessão. Isso ocorre em função do processo inflamatório deflagrado nos vasinhos, mas esses sintomas podem ser aliviados com analgésicos e cremes específicos.
Cuidados após o tratamento de vasinhos
O tratamento de vasinhos nas pernas com as escleroterapias ou laser não necessita de repouso após os procedimentos, porém, é necessário que o paciente não descuide dessas indicações médicas:
– Uso de meias elásticas logo após a realização do procedimento, exceto se realizou somente escleroterapia com laser transdérmico;
– Logo após a sessão, também procure caminhar por 10 a 15 minutos para estimular a circulação sanguínea;
– Não faça exercícios vigorosos logo após a sessão;
– Evite viagens com duração maior que 4 horas na primeira semana do tratamento após a escleroterapia com espuma;
– Evite exposição solar direta no local tratado.
Há alguma contraindicação aos tratamentos?
Especialmente no que se refere às escleroterapias químicas ou com espuma, algumas pessoas têm contraindicações para esses tratamentos:
– Quem tem alergia à substância esclerosante;
– Pessoas acamadas, que precisam ficar em imobilização prolongada;
– Quem tem trombose venosa profunda aguda;
– Quem tem embolia pulmonar aguda;
– Quem está com infecção na área a ser tratada ou tem infecção sistêmica;
– Forame oval patente sintomático (espuma).
Ainda assim, vale ressaltar que pacientes que tiveram histórico antigo de trombose venosa ou outros que estão fazendo uso de medicações anticoagulantes não estão contraindicados a realizar o tratamento.
Casos que requerem observação
Embora não seja uma contraindicação, há casos em que o médico precisa observar com cuidado se o tratamento para vasinhos poderá ser prescrito:
Efeitos colaterais dos tratamentos para vasinhos nas pernas
Efeitos colaterais podem surgir em algumas pessoas que passam pelo tratamento de vasinhos nas pernas. Todos devem ser comunicados ao médico vascular, que vai avaliar a melhor solução. São problemas tais como:
– Inchaços e irritação da pele localmente;
– Formação de bolhas no momento da aplicação;
– Sensação de queimação no local: ocorre em seguida da injeção, mas tende a desaparecer algumas horas depois;
– Surgimento de hematomas;
– Surgimento de manchas escuras: podem surgir em qualquer tipo de escleroterapia. Felizmente, em 80% a 90% delas vai desaparecer espontaneamente em até 1 ano;
– Trombose venosa profunda: esse risco é de 1-2% para pessoas que realizam escleroterapia com espuma, sem antecedentes prévios de tromboses. Porém, esse problema pode ocorrer em qualquer tipo de cirurgia.
Os vasinhos nas pernas podem voltar?
Muitos pacientes têm essa dúvida sobre a volta dos vasinhos nas pernas ou em qualquer outra parte do corpo após o tratamento.
Os vasinhos tratados não irão voltar, porém, as pessoas que têm um componente genético que favorece o surgimento de vasinhos e varizes podem perceber que surgirão novos vasos, porque a doença genética pode comprometer, no futuro, as veias que ainda estão saudáveis no momento do tratamento.
Os vasinhos, assim como as varizes, são problemas do sistema venoso do paciente, que deve ser tratado de forma geral também.
Como dito anteriormente, os vasinhos são uma parte do problema – a “ponta do iceberg”-, e por isso faz-se necessário uma investigação do sistema venoso dos membros inferiores para definir um planejamento adequado do tratamento e atingir resultados mais eficazes e de longo prazo.
Por isso, é fundamental que o paciente faça esses tratamentos com um médico vascular, que vai investigar as causas, tratá-las e seguir com a profilaxia (prevenção), para diminuir a probabilidade de veias saudáveis fiquem doentes no futuro.
Entre as indicações do médico para profilaxia também está a manutenção de um estilo de vida saudável, com a prática de exercícios físicos, alimentação equilibrada (sem excessos de gorduras, açúcares e sal) e também o aconselhamento da interrupção do hábito de fumar, entre outros.